Cacau Show e a crise do posicionamento performático: Quando o branding encontra os bastidores

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A maior rede de franquias do Brasil, sinônimo de chocolate, acolhimento e empreendedorismo inspirador, agora se vê no centro de uma controvérsia que expõe uma ferida silenciosa do mercado: a distância entre o discurso encantador e a realidade de quem carrega a marca nas costas.
A recente polêmica envolvendo a Cacau Show, com relatos de franqueados endividados, práticas questionáveis nos bastidores e uma suposta cultura organizacional coercitiva, não é apenas sobre uma empresa, é um espelho do que acontece quando o branding se torna performance e não prática.

Esse caso é um alerta cirúrgico:

“Marketing pode vender uma história bonita. Mas se o posicionamento não for vivido no backstage, ele vira só propaganda mentirosa.”

O DESCOMPASSO ENTRE DISCURSO E EXPERIÊNCIA REAL

Nos últimos dias, publicações contundentes feitas pelo Metrópoles e pela Folha de S. Paulo expuseram a insatisfação de franqueados da Cacau Show com práticas de gestão consideradas abusivas.
Cláusulas contratuais, cerimoniais compulsórios, jornadas desgastantes e uma cultura corporativa que, segundo os relatos, mascara imposição com “acolhimento”.

E aqui nasce o ponto crítico: o abismo entre o que a marca diz ser e o que ela realmente entrega

Esse desalinhamento tem um nome:

Branding fakeado.

Marcas que romantizam a cultura empresarial em vídeos institucionais, mas não conseguem replicar esse mesmo tom nas suas franquias, RH, SAC ou gestão de crises.

QUANDO O POSICIONAMENTO É SÓ UM SLOGAN BONITO

Toda marca que se posiciona precisa fazer escolhas:

  • Quem ela é, mesmo quando ninguém está olhando.
  • O que ela aceita (ou não) como padrão de cultura interna.
  • O que ela comunica, não com palavras, mas com atitudes.

O caso da Cacau Show expõe o risco das empresas que confundem posicionamento com discurso publicitário

“Posicionamento não é o que você diz. É o que você faz. E se o que você faz desmente o que você diz… o mercado vai expor.”

É nesse ponto que o branding vira uma arma de reputação reversa:
Tudo aquilo que antes servia como: diferencial, acolhimento, inspiração, liderança visionária, se transforma em alvo de crítica, deboche e descrença.

OS PONTOS DE CONTATO NÃO MENTEM

Você pode investir em mídia, fazer storytelling emocional, lançar parques temáticos, mas…

Se o franqueado que vive a marca no dia a dia está sendo ignorado, o consumidor vai perceber.

Todo ponto de contato (colaborador, loja, atendimento, jurídico, SAC, eventos, etc.) fala mais alto que qualquer campanha de TV.

No caso da Cacau Show, os relatos de assédio moral, pressão organizacional e espiritualidade forçada criam uma narrativa oposta àquela presente no branding institucional da marca.

Isso escancara uma verdade incômoda para qualquer empresa de franchising:

A sua cultura é vivida na ponta, ou não existe.

QUANDO A ESCALA TRAI A ESSÊNCIA

A Cacau Show tem hoje quase 5 mil franquias. Nenhuma marca escala nesse ritmo sem comprometer alguma camada do controle de cultura.

Crescimento rápido exige estrutura.
Sem cultura forte, processos claros e posicionamento vivido de verdade, o crescimento vira uma guerra de vaidades e performance.

O resultado?

  • Franqueados ressentidos
  • Colaboradores sufocados
  • Públicos desconfiados

A lição aqui é simples e brutal:

Marcas que escalam sem coerência viram grifes de incoerência

O QUE SUA MARCA PODE APRENDER COM ISSO?

Você não precisa ter milhares de lojas para cometer o mesmo erro da Cacau Show.

Se o posicionamento da sua marca não orienta:

  • A forma como você contrata,
  • O jeito como você treina,
  • As decisões que você toma nos bastidores

…então você está só encenando branding, e o público percebe

Se você quer construir uma marca viva, coerente e respeitada, precisa responder com sinceridade:

O que a sua marca promete é o que ela entrega?
A experiência do colaborador reflete o que vai pro Instagram?
Seu marketing é reflexo da cultura ou disfarce dela?

NA ERA DA TRANSPARÊNCIA RADICAL, NÃO EXISTE BASTIDOR

Se antes era possível manter as rachaduras escondidas, hoje a internet joga luz onde antes só havia sombra.

Prints viralizam. Depoimentos emocionados ganham audiência.
A credibilidade de décadas pode ser corroída por um vídeo de 2 minutos ou uma thread no X.

A Cacau Show está no olho do furacão, e não porque é uma má empresa, mas porque talvez tenha esquecido que branding é prática, não performance

CONCLUSÃO: A VERDADE SE MOSTRA NO DESALINHAMENTO

Franquias não são só modelos de negócio.
Elas são a prova de fogo do posicionamento. Porque ao replicar um modelo, você também precisa replicar a cultura. E cultura não se terceiriza.

O caso da Cacau Show deixa um recado cristalino:

Ou a sua marca vive o que prega, ou o mercado vai te cobrar por isso.

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